Governança cooperativa: entenda o conceito e sua importância para o sucesso do negócio

A Governança Corporativa é um conceito bastante difundido, cujas práticas são benéficas para a perenidade de qualquer negócio.

No cooperativismo, além das diretrizes gerais de governança, também aplicam-se padrões específicos que contemplam as normas e legislações do segmento.

Neste artigo, você entenderá o que é Governança Cooperativa, suas melhores práticas e como ela contribui para a sustentabilidade do negócio cooperativo.

 

Continue a leitura para saber mais!

 

Entendendo a governança no cooperativismo

O cooperativismo se diferencia de outros modelos de negócio por diversos motivos, dentre eles, sua estrutura, funcionamento e propósito.

Ao invés de ter apenas um proprietário e visar principalmente o lucro, a cooperativa busca atender às necessidades dos cooperados, os quais são donos do negócio, e contribuir para o desenvolvimento sustentável da sociedade.

Compreendendo as especificidades do modelo cooperativo, o Sistema OCB criou o Manual de Boas Práticas de Governança Cooperativa, que apresenta as melhores práticas adotadas pelas cooperativas brasileiras.

Segundo a OCB, a Governança Cooperativa é um modelo de direção estratégica, cujas práticas estão fundamentadas nos valores e princípios cooperativistas. Assim, sua implementação contribui para a perenidade cooperativa, alicerçada em sua essência.

 

Princípios da Governança Cooperativa

Assim como a Governança Corporativa, a Governança Cooperativa tem como base a ética e contempla cinco princípios que devem nortear as tomadas de decisões:

Autogestão — Os cooperados são responsáveis pela direção da cooperativa e pela prestação de contas da gestão, cabendo aos agentes de governança responder por suas ações e omissões.

Senso de Justiça — As relações entre cooperados, cooperativa e demais partes interessadas devem ser regidas pela igualdade e equidade.

Transparência — As partes interessadas devem ter fácil acesso às informações para que se fortaleça a confiança e a segurança.

Educação — Promover a formação de líderes com uma mentalidade de gestão e administração fundamentada no cooperativismo.

Sustentabilidade — Agregar valor a todas as partes interessadas, gerando impactos positivos nos âmbitos cultural, ambiental, social e econômico.

Como dito anteriormente, esses princípios devem estar representados nas tomadas de decisões na cooperativa, e isso envolve o comprometimento dos agentes de governança da cooperativa, isto é, cooperados, Assembleia Geral, Conselhos de Administração, Fiscal e Consultivo, Comitês Sociais, Técnicos ou Núcleos, Auditoria Independente e Gestão Executiva.

 

Melhores práticas

Em seu Guia de Boas Práticas, a OCB também apresenta o papel de cada agente, o que permite identificar boas práticas de governança cooperativa.

Vejamos algumas delas a seguir!

Fomento à integração e participação

O ingresso de cooperados é livre, se atenderem aos requisitos previstos no estatuto, sendo-lhes assegurado o direito de manifestar opiniões, de voto e de auxiliar nas tomadas de decisões.

Deve-se, portanto, viabilizar a representatividade e participação consciente dos cooperados nas deliberações das assembleias, por meio da divulgação prévia de canais, editais, relatórios e demais informações relevantes.

Equidade na tomada de decisão

Os interesses de todas as partes interessadas da cooperativa devem ser considerados, de modo que as decisões sejam tomadas de maneira equitativa e, consequentemente, mais justa.

Desse modo, é necessário que o Conselho de Administração/Diretoria tenha uma visão estratégica de longo prazo, atue na mediação de conflitos e gestão de riscos, garantindo os ganhos aos cooperados e assegurando a perenidade da cooperativa. 

Planejamento de sucessão

Os cargos de liderança devem ser preenchidos por profissionais competentes, que compreendam o modelo de negócio cooperativo, tanto em termos de legislação quanto das especificidades da cooperativa.

Por isso, cabe ao Conselho de Administração/Diretoria estabelecer um plano de sucessão para desenvolvimento de novas lideranças, deixando claro suas atribuições e responsabilidades.

Transparência com as partes interessadas

Essa prática dialoga com o princípio da transparência, apresentado anteriormente. Ser transparente é fundamental no relacionamento entre a cooperativa e as partes interessadas, pois isso fortalece o senso de pertencimento e a confiança.

Assim, é importante divulgar, de maneira tempestiva, relatórios e informações relevantes, por meio de uma comunicação clara e objetiva, permitindo aos interessados a compreensão da realidade da cooperativa, para além dos dados econômico-financeiros.

Fiscalização e compliance

As práticas de fiscalização e compliance reforçam a importância da transparência, uma vez que buscam alinhar os interesses dos agentes de governança, bem como o cumprimento das leis e regulamentos que regem o segmento.

Esse é um trabalho colaborativo, que requer o interesse e envolvimento dos cooperados, do Conselho Fiscal e das Auditorias interna, externa e independente. A partir do acompanhamento e monitoramento das atividades, é possível atuar de formar preventiva e evitar crises.

Além dessas diretrizes, também há orientações específicas para cada área e órgão da cooperativa, referentes à atuação, qualificação, remuneração, ouvidoria, entre outros.

 

Por que ter uma boa governança é importante?

Sem uma governança devidamente estruturada, as cooperativas tendem a ter problemas sérios em sua continuidade. As boas práticas de governança cooperativa auxiliam as cooperativas a atuarem de forma coerente com a leis, regulamentos e princípios do segmento.

Mas, para além do âmbito normativo, vale mencionar que o mercado está cada vez mais competitivo e os consumidores e investidores ainda mais conscientes e preocupados com os impactos das organizações para além dos lucros.

Diante dessa evolução, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) reforça que as empresas possuem uma relação de interdependência com as realidades econômica, social e ambiental em que estão inseridas, de modo que precisam gerar valor a todas elas.

O cooperativismo entende essa interdependência desde seu surgimento e, por isso, possui o propósito de levar transformação aos cooperados, colaboradores, parceiros e comunidades, para além dos resultados financeiros.

Cabe, aqui, também mencionar a finalidade da Governança Cooperativa, segundo a OCB:

  • Ampliar a transparência da administração da sociedade cooperativa;
  • Facilitar o desenvolvimento e a competitividade das cooperativas;
  • Contribuir para a sustentabilidade e perenidade do modelo cooperativista;
  • Aprimorar a participação do cooperado no processo decisório;
  • Obter melhores resultados econômico-financeiros;
  • Incentivar a inovação e proporcionar a melhoria da qualidade dos serviços ao quadro social;
  • Aplicar a responsabilidade social como integração com a sociedade civil.

 

A partir disso, fica claro a importância de adotar as boas práticas de governança cooperativa, não é mesmo?

 

Próximos passos

O cooperativismo segue expandindo e as cooperativas crescem a cada dia, em número e relevância. Assim, os gestores precisam ser flexíveis às mudanças externas e às necessidades internas de suas cooperativas, para adaptar as diretrizes de governança a suas realidades.

Essa é uma das grandes necessidades em gestão das cooperativas, como afirma o especialista em cooperativismo financeiro e consultor parceiro do Instituto Fenasbac, Marcos Valério de Oliveira.

“Hoje, o que muito se vê, são cooperativas que estão crescendo exponencialmente e que, por isso, apresentam necessidades e complexidades muito maiores, exigindo dos gestores uma permanente e abrangente capacitação, visando estar preparados para os desafios que certamente aparecerão. O que proporcionamos, enquanto consultoria, além de contemplar os aspectos normativos, é contribuir com esse trabalho de aprimoramento e de evolução cognitiva para que os cooperados/delegados, conselheiros de administração, conselheiros fiscais, diretores e alta gerência evoluam em suas perspectivas de gestão e atuem de forma preventiva, preparados para superar esses possíveis empecilhos que surgirão no caminho.”

Assim, nossa reflexão final é para você, gestor: onde você está hoje e como você precisa estar para uma cooperativa em franco crescimento?

Esperamos que este conteúdo tenha sido útil e te ajudado a compreender melhor a Governança Cooperativa e sua importância para a sustentabilidade das cooperativas.

Para saber mais sobre as boas práticas de Governança Corporativa no Cooperativismo, recomendamos a leitura do Manual de Boas Práticas de Governança Cooperativa da OCB, usado como base para a produção deste artigo.

Se deseja conhecer o trabalho de consultoria do Instituto Fenasbac e entender como podemos ajudar sua cooperativa financeira a fomentar uma governança evolutiva, fale conosco!

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