Desafios e benefícios de uma Gestão Ambidestra

Organizações ambidestras conseguem atender as necessidades de um mundo em transformação sem perder a excelência operacional e o foco no propósito

Por Isabel Egler 

As organizações são sistemas que, quase sempre, são projetados para reproduzir, repetidas vezes, um tipo específico de competência. Seus gestores tendem a confiar em rotinas, papéis, expectativas culturais e identidades já conhecidas para conseguir um desempenho consistente nas tarefas mais comuns.

Sem nenhuma dúvida, o cenário atual mostra que um grande número, provavelmente a maioria, das empresas foi criada e é conduzida por meio do exercício repetido das mesmas competências essenciais. São corporações muito tímidas, que não buscam inovar e permanecem presas às mesmas rotinas, processos, estratégias e papéis funcionais. Ficam estagnadas no conforto de um status quo, repetindo comportamentos e tarefas, sem nada mudar.   

O perigo desta postura deriva de um pensamento bastante conhecido por muitos que observa que “quem sempre faz a mesma coisa, obterá sempre os mesmos resultados”. Ou seja, a repetição sem a busca pela inovação, faz com que a empresa que não inova tenha como destino a mesmice e, em muitos casos, a obsolescência, em função da inevitável queda da excelência operacional.  

Infelizmente, esta inércia empresarial que, aparentemente, continua predominando no atual contexto corporativo, faz com que estudiosos do assunto cheguem a observar que é bem alta a probabilidade de inúmeras organizações desaparecerem antes de tentar se transformarem.  

Por outro lado, nem tudo está perdido. É cada vez maior o número de líderes que começam a entender que, em função da digitalização e da globalização, dentre outros fenômenos causadores de profundas mudanças, as empresas começam a entender que necessitam se transformar por meio da urgente incorporação de novas estratégias. Dentre estas inovações, destaca-se a denominada empresa ambidestra que se constitui na proposta ideal quando se pretende a transformação por meio da inovação.

Organizações ambidestras são empresas que se reinventam, indo além do tradicional modelo de negócios. São empresas que conseguem equilibrar a excelência operacional e a cultura da inovação. São aquelas que conseguem atender as necessidades de um mundo em transformação, sem perder a excelência operacional. Ou seja, conseguem equilibrar eficiência e eficácia.

Cooperativismo

Já no cooperativismo, além de seguir essa lógica, a Gestão Ambidestra é a oportunidade de vivenciar na prática a essência do cooperativismo: propósito presente, constantemente fortalecido e impulsionando a expansão. Quando uma cooperativa tem um bom desempenho em ambas frentes, ela está apta a ter um crescimento rápido e sustentável.

A Gestão Ambidestra busca inovar garantindo a excelência operacional e no cooperativismo funciona como o equilíbrio na garantia de resultados financeiros sem perder o propósito de vista. 

Crescimento sustentável 

Com a busca pela eficiência, uma organização ambidestra melhora o desempenho de seus colaboradores e reduz desperdícios e, desta forma, se desenvolve continuamente.

Por sua vez, a eficácia ao estar sempre identificando novos objetivos e metas, possibilita o crescimento sustentável. Para exemplificar, podem ser citadas como empresas que adotaram esse novo modelo de negócio, a Netflix, Google, Ubere Spotify, dentre outras corporações de ponta.

 Desafios

Todavia, a adoção deste novo modelo deve ser pensada, planejada e conduzida com muita cautela. Mesmo porque esta escolha só será exitosa se for definido um modelo que realmente atenda às demandas empresariais e que leve em consideração, as características da empresa, as especificidades de seus produtos e/ou serviços e a natureza do momento que está sendo vivenciado pela corporação.  Caso contrário, a mudança feita não atenderá à expectativa de seus gestores, por não conseguir alcançar seu principal objetivo, qual seja, aprimorar a funcionalidade e aumentar a produtividade da corporação.

Deve, ainda, ser seriamente considerado o fato de que não é nada fácil introduzir o conceito de ambidestria em uma empresa. Etapas como uma avaliação criteriosa das necessidades da empresa e a realização criteriosa de um planejamento que facilite a escolha da melhor abordagem a ser adotada, devem ser cuidadosamente conduzidas.  

 

Benefícios

Existem diversos benefícios que a aplicação da gestão ambidestra em uma organização pode proporcionar ao negócio. Provavelmente, o benefício essencial é o que resulta do equilíbrio entre eficiência e eficácia. Para isso, é preciso que o modelo adotado atenda às necessidades de inovação sem perder a excelência operacional.

Além disso, como a gestão ambidestra faz com que a empresa passe a funcionar orientando-se por dois focos, produção e inovação, ela aumenta as suas possibilidades de avanço e crescimento. E isto acontece porque, seus gestores passam a entender que não basta focar somente na inovação. Inovar é preciso, desde que também se tenha um outro foco na estabilidade. Só assim, pode-se experimentar as inovações sem correr risco de se perder o que já foi conquistado.

Outra vantagem das empresas ambidestras advém de sua possibilidade de se colocar à frente de suas competidoras, porque além de usufruir de considerável estabilidade, também está sempre atenta ao mercado, com suas mudanças e oscilações, sem esquecer da busca permanente pela inovação.

Como mensagem final, este texto destaca duas premissas fundamentais, deste tão oportuno e estratégico modelo de gestão.

Primeira, trata-se de um modelo que tem como base o equilíbrio entre atitudes operacionais e pensamentos inovadores.

Como corolário da primeira premissa, este novo modelo consegue tornar as empresas que o adotam, simultaneamente, produtivas (muito eficientes) e fornecedoras de produtos e serviços inovadores (muito eficazes).   

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