Cooperativismo: A Cooperação Institucionalizada

O que deu origem ao movimento que vem impactando de forma tão positiva as pessoas, famílias e comunidades ao redor de todo o mundo? 

 

Quando as pessoas se juntam, elas conseguem fazer e alcançar muito mais do que conseguiriam se sozinhas estivessem. Esta é a essência do cooperativismo. Por essa perspectiva, o cooperativismo pode ser entendido com a colaboração entre pessoas que tenham o mesmo interesse.

Na prática, esse movimento traduz uma filosofia que tem sua essência na união de interesses aparentemente antagônicos, como por exemplo, o desenvolvimento social e o interesse econômico. Na verdade, uma filosofia que se concentra na busca permanente do equilíbrio entre justiça social e prosperidade econômica, entre sustentabilidade e lucro.  

E, como surgiu o cooperativismo? O que deu origem a esse movimento, que vem impactando de forma tão positiva as pessoas, famílias e comunidades ao redor de todo o mundo?

O cooperativismo, na forma como hoje o conhecemos, surgiu na mesma época que a Revolução Industrial, com o objetivo de melhorar as péssimas condições econômicas, sociais e de trabalho.

A primeira cooperativa surgiu em 1844, no final do século XVIII, criada por um grupo, composto por 27 homens e uma mulher, de tecelões de Rochdale, cidade do interior da Inglaterra. Este grupo decidiu montar um armazém, por ele denominado “armazém cooperativo”. Para tanto, eles compraram uma grande quantidade de alimentos para que pudessem obter um melhor preço. Em seguida, repartiram a compra entre os membros do grupo. Assim nasceu a primeira cooperativa, com o nome de “Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale”.

Este pioneiro movimento cooperativista não só garantiu a sobrevivência do grupo, como também a prosperidade de seus integrantes. Depois de 12 anos, a Sociedade dos Probos de Rochdale já tinha 3.450 sócios e um capital que saltou de 28 libras para 152 mil libras. Seus fundadores são considerados os pioneiros do cooperativismo e os responsáveis pela elaboração dos princípios que, até hoje, formam a base da doutrina cooperativista.

Após essa primeira iniciativa, surgiram cooperativas de crédito na Alemanha, que rapidamente se espalharam por todo o continente europeu. E assim, rapidamente, a ideologia do cooperativismo foi sendo difundida por todo o mundo. 

E no Brasil?

No Brasil, antes da sua colonização, os índios já se organizavam em comunidades em que viviam de acordo com os princípios cooperativistas. No entanto, o movimento cooperativista no nosso país se iniciou somente no século XIX, motivado pela insatisfação de alguns setores da sociedade, como os funcionários públicos, militares, autônomos, operários, imigrantes europeus e trabalhadores em geral, que buscavam melhores condições de vida.

Provavelmente, também, a repercussão que o cooperativismo vinha obtendo em todo o mundo, principalmente nos Estados Unidos, país que mantinha então uma relação de parceria muito próxima com o Brasil, tenha contribuído pelo início do cooperativismo por aqui.

Para isso, também foi muito importante a contribuição do padre suíço Theodor Amstad que, aos 34 anos chegou ao nosso país, em 1889, para trabalhar nas colônias de imigrantes alemães. O religioso, que em dezembro de 2019 foi reconhecido como Patrono do Cooperativismo no Brasil, logo começou a perceber a precariedade da vida dos habitantes daquelas comunidades, o que o levou a buscar uma solução que fosse capaz de melhorar as vidas dos moradores do município.

Já conhecedor do cooperativismo, o padre Amstad se uniu a 19 lideranças comunitárias locais e o grupo, assim formado, criou a Caixa de Economias e Empréstimos, na localidade de Linha Imperial, no município de Nova Petrópolis. Esta cooperativa continua, até hoje, em funcionamento com a denominação de Sicredi Pioneira RS.  

A partir de 1906, pouco a pouco, as cooperativas agropecuárias começaram a aparecer no Brasil, idealizadas por produtores rurais e imigrantes, especialmente de origem alemã e italiana. Foram estes indivíduos que, com suas famílias, ao escolheram nosso país como sua nova pátria, dividiram conosco sua bagagem cultural, a importância do trabalho associativo e a experiência de atividades familiares comunitárias, levando os brasileiros a, gradativamente, começarem a organizar suas atividades laborais em empreendimentos cooperativistas.

As primeiras cooperativas criadas no Brasil foram as de consumo e de crédito. Oficialmente, o movimento cooperativista brasileiro teve início em 1889, em Minas Gerais, com a criação da Cooperativa Econômica dos Funcionários Públicos de Ouro Preto, que tinha como foco o consumo de produtos agrícolas.

Todavia, foi a Associação Cooperativa dos Empregados da Companhia Telefônica de Limeira, de São Paulo, constituída em 1891, a que foi registrada como a primeira cooperativa brasileira oficial. Depois do surgimento dessas duas cooperativas, outras foram paulatinamente sendo criadas em Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul.

A história do cooperativismo no Brasil está atrelada à história da luta por melhores condições de vida. Desde o seu surgimento até os dias atuais, a cooperativa tem sido considerada uma instituição promotora da melhoria de condições de trabalho.   

Nesse longo período, compreendido entre o final do século XIX e os dias atuais, apesar da instabilidade da moeda, da hiperinflação e tantos outros desafios vividos pela população brasileira, as cooperativas vêm se destacando como alternativas viáveis para a promoção da inclusão social e econômica para todos que a elas recorrem.

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