A democratização financeira é um dos principais objetivos do Banco Central do Brasil. Para torná-la realidade, a autoridade monetária lançou a Agenda BC#, com diretrizes que fomentam iniciativas de aprimoramento do sistema financeiro.

O apoio das instituições financeiras no cumprimento dessa Agenda vem sendo fortemente incentivado pelo presidente da autarquia, Roberto de Oliveira Campos Neto, com destaque às cooperativas, que, diferentemente dos bancos, não visam o lucro, mas buscam transformar a vida de seus cooperados e de suas comunidades.

Neste artigo, saiba mais sobre a Agenda BC# e entenda a importância do cooperativismo financeiro para o seu avanço. Boa leitura!

O que é a Agenda BC# 

Lançada em 2019 pelo Banco Central, a Agenda BC# consiste numa atualização da Agenda BC+, iniciada em 2017, que tinha o intuito de promover mais cidadania financeira, modernizar a legislação, melhorar a eficiência do sistema financeiro e tornar o crédito mais barato.

Além de reafirmar os compromissos da primeira Agenda, a BC# trouxe novos pilares que visam o crescimento sustentável da economia brasileira, são eles: inclusão, competitividade, transparência, educação e sustentabilidade.

Através dessa atualização, o BC expressou sua proatividade frente às transformações e necessidades da sociedade, trazendo dimensões que dialogam com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU. 

Qual a sua relação com o cooperativismo de crédito

O cooperativismo financeiro, por ser um facilitador do acesso ao mercado, faz parte do pilar Inclusão da Agenda BC#, onde sua expansão é fomentada.

Para além de oferecer taxas mais baixas e menos burocracias, o segmento se diferencia dos bancos principalmente por seu propósito, que é o desenvolvimento socioeconômico de forma coletiva e sustentável.

Essa mentalidade se reflete nos 7 princípios que regem o cooperativismo e que dialogam com os pilares da nova Agenda do Banco Central, os quais são: 1) adesão livre e voluntária; 2) gestão democrática; 3) participação econômica; 4) autonomia e independência; 5) educação, formação e informação; 6) intercooperação; 7) compromisso com a comunidade.

A partir dessa relação, é possível identificar maneiras com que as cooperativas de crédito podem contribuir com o avanço da BC#. Confira a seguir!

Como as cooperativas financeiras podem somar em cada uma das dimensões da BC# 

1. Inclusão e Educação Financeira 

Essas duas dimensões estão relacionadas, pois buscam viabilizar maior participação da população no mercado financeiro, por meio da modernização dos procedimentos e do ensino aos cidadãos sobre como administrar suas finanças.

A atuação das cooperativas nesse sentido é fundamental, levando em consideração principalmente seus princípios de livre adesão, participação econômica, educação e informação e compromisso com a comunidade.

Através de sua presença em regiões pouco desenvolvidas e de difícil acesso para os bancos, as cooperativas têm a oportunidade de levar produtos e serviços inovadores e com preços acessíveis aos cidadãos, e, assim, estimular o surgimento de novos negócios e impulsionar a prosperidade local.

“O cooperativismo é uma forma de crédito que gera uma inclusão social enorme. Quando a gente olha o que a gente fez nos últimos quatro anos, o cooperativismo em termos de volume de crédito para pequena empresa, saltou de 10% para 22%. Para média empresa, de 5% para 11%. […] Hoje, cooperativas estão presentes em 54 cidades. Existem vários estudos que mostram que as cidades onde têm cooperativa, têm ganho econômico e têm ganho social”, destacou Campos Neto, em entrevista para o Roda Viva.

Além disso, uma vez que a unidade cooperativa está integrada ao local em que atua, é uma grande aliada na promoção de educação financeira, o que pode ser feito através de programas educacionais, workshops e oficinas para crianças, jovens e adultos.

 2.Competitividade e Transparência 

A competitividade e a transparência também são complementares, pois visam a precificação adequada, mediante informações de mercado compartilhadas, as quais também são úteis para a avaliação de resultados e simetria de informação.

De acordo com o Banco Central, ainda existem desafios na redução de barreiras, melhoria de procedimentos e no gerenciamento de riscos. Esse cenário é interessante para o cooperativismo por diversos motivos, mas principalmente no que diz respeito à intercooperação, um de seus princípios.

Apesar de haver uma boa comunicação entre as cooperativas singulares e suas centrais, o Panorama do Reconhecimento Inovação com Propósito 2022 aponta que ainda há espaço para a troca de informações entre cooperativas e outras entidades.

Ao contrário do que se possa pensar, competitividade e cooperação podem caminhar juntas. E isso pode ser estratégico, principalmente, no desenvolvimento de soluções inovadoras de forma colaborativa, o que propicia uma competição sustentável no setor e contribui para a sua expansão no longo prazo.

Vale ressaltar, ainda, que o cooperativismo já possui taxa de juros e preços de serviços mais atrativos que os bancos. Por isso, é preciso ampliar os horizontes para as possibilidades de inovação, a fim de conquistar novos clientes, bem como fortalecer o relacionamento com os seus cooperados.

3. Sustentabilidade 

A dimensão sustentabilidade diz respeito ao investimento de recursos para o desenvolvimento sustentável, dinâmico e moderno da economia, e traz medidas que devem ser implementadas tanto pelo Banco Central quanto pelas instituições financeiras.

É verdade que o tema vem ganhando mais força atualmente no mercado, em vista dos desafios socioeconômicos, ambientais e climáticos. Entretanto, para o cooperativismo a sustentabilidade sempre foi importante, de forma que está representada em todos os seus princípios.

Assim, somar aos esforços do BC em sua Agenda de sustentabilidade é mais do que importante para as coops de crédito. Nesse sentido, é necessária a implementação e o fortalecimento de políticas ambientais, sociais e de governança.

De acordo com o Panorama do Recip 2022, as cooperativas vêm investindo em ações de ecoeficiência, no bem-estar de seus colaboradores e de suas comunidades, e possuem boas práticas de gestão. No entanto, ainda há oportunidades de melhorias, sobretudo no papel do cooperativismo financeiro em conscientizar a sociedade sobre as questões socioambientais, viabilizar um trabalho inclusivo e heterogêneo, bem como promover mais diversidade em sua alta gerência e conselho.

Diferentemente das outras instituições financeiras, no cooperativismo, o propósito está no centro, e este deve estar materializado em sua entrega.

Conclusão 

Através da leitura, é possível perceber a importância do cooperativismo de crédito como aliado da Agenda BC#, visto que sua atuação junto ao Banco Central é benéfica em vários sentidos.

Uma vez que as dimensões da BC# dialogam com os princípios cooperativistas, ela funciona como um instrumento valioso para que as cooperativas continuem cumprindo o seu propósito de entregar valor à sociedade e comunicando sua importância para a superação dos desafios sociais, econômicos e ambientais.

Não só isso, ao exercer seu papel de agente promotor da democratização financeira, o cooperativismo aumenta o seu potencial competitivo no mercado, atrai mais investidores e alcança novos cooperados, incluindo o público mais jovem, que possui um interesse maior em organizações com um posicionamento sustentável.

Para auxiliar as cooperativas nesse processo, o Instituto Fenasbac, consultoria especialista em cooperativismo, oferece soluções específicas para o segmento. Dentre elas, a Gestão Ambidestra, um modelo de gestão que prioriza tanto a entrega de resultado financeiro quanto a materialização do propósito das cooperativas. 

Se a sua cooperativa de crédito deseja atuar de forma inovadora, gerar prosperidade e fazer a diferença, fale conosco e saiba como podemos ajudar!